* ATENÇÃO: spoiler de leve dos filmes "Grizzly Man" (O Homem-Urso) e "Into the Wild" (Na Natureza Selvagem) *
Carla, além do que você comentou tão bem, outras coisas me chamaram atenção nesse filmes. Primeiro, são estórias bem contadas sobre a morte prematura e acidental de pessoas que realmente existiram. É um tema importante e chocante pra materialistas como eu, mas muito comum e repetitivo no cinema, então vou pular essa parte.
A segunda coisa, que vale apenas pro "Homem-urso", é que ele realmente me estressou quando assistimos. Me lembro ter ficado horas sem conseguir tirar da cabeça a "cena" apoteótica do final, e talvez eu até hoje me arrependa de tê-lo visto.
O que me marcou é que eu não vi nem ouvi a cena, apenas imaginei, e ainda assim fiquei aterrorizado.
*Atenção: Não leia abaixo se nunca tiver visto o filme, ou se importar com a revelação do final*
No final do documentário, o diretor ouve pela primeira vez, em frente às câmeras porém com fone de ouvido, a uma gravação apenas em áudio feita pelo próprio protagonista. Na gravação, ahhmm... o protagonista do documentário estava sendo engolido por um urso. E o diretor apenas descreve o que está ouvindo.
Só que isso decuplicou o impacto da cena. Primeiro, você mentaliza o áudio que o diretor apenas narra - criando na sua cabeça os berros de desespero do rapaz com a cabeça dentro do urso, da moça gritando desesperadamente, e por aí vai.
Depois disso, ou ao mesmo tempo, você imagina a cena completa, da forma mais aterrorizante possível. O cara sendo engolido, a moça batendo com uma panela na cabeça do urso de (sei lá) 3 metros de altura e tentando puxar o pobre rapaz de dentro do urso!
E pra piorar, era tudo verdade. MEDO!
Os antigos mestres do gênero slasher sabiam muito bem que o pior dos terrores é aquele criado pelo próprio espectador. Em parte por isso até hoje fazem tanto uso de "flashes" de imagens assustadoras, para que não prestemos atenção nos detalhes e apenas preenchamos as lacunas na nossa imaginação (que, como sabemos, é o lar do Satanás!!).
Se um filme me deixou tão chocado ao dar liberdade demais à minha imaginação, imagino que um bom livro de terror deva fazer um estrago ainda maior. Vou ler um desses e ver o barato que dá. :-)
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1 year ago
Comment from Thiago:
ReplyDeleteCara, vocês só me contaram essa história e já deu medo... Adorei a parte do "lar do satanás". Acho que é isso mesmo. por isso bruxa de blair 1 foi tao legal, e o dois foi tao péssimo. No primeiro, nao existiam respostas, e quem se encarregava delas era o "satanás". No 2, tudo é mostrado, explicado e detalhado a exaustao, o capeta n toma parte no negocio e vira uma chatura... Saudade de vocês!
Comment from Ana Paula:
ReplyDeleteHmmm...realmente, em "O Homem-Urso, só de imaginar alguém ser dilacerado vivo por um urso enorme ficamos aterrorizados. Porém, há muito mais do que isso no filme. Se queremos assistir atrocidades, Jogos Mortais é uma ótima sugestão. A fuga da civilização, o desprezo pela natureza humana, a insanidade e o destino irônico que Treadwell teve é que merecem ser lembrados e refletidos após assistir ao filme.
Ana Paula,
ReplyDeleteObrigado por seu comentário. Mas permita-me discordar.
Quando voce compara o terror de Homem-Urso com o do Jogos Mortais, dá impressão que voce não leu meu post. O que eu gostei foi do terror sutil, imaginário, e não de ver atrocidades.
Voce preferiu outros elementos do filme. Tudo bem. Reflita sobre eles. A Carla reagiu da mesma forma ao filme, se não me engano, e gostou das mesmas coisas que voce.
Mas cada um tem sua história pessoal. Me marcou muito mais a habilidade técnica do diretor ao construir a história e pintar o personagem, do que os temas que voce listou - curiosamente velhos conhecidos da mitologia cristã.
O salvador da cristandade teve seus momentos de fuga da civilização, desprezo pela natureza humana, insanidade e foi um "mártir" que lutou pela salvação de seus próprios assassinos. Lhe parece familiar?
Não estou dizendo que o diretor quis fazer uma referencia cristã, ou que isso foi proposital de alguma forma. É claro que não foi. Meu ponto aqui é a relevancia pessoal da temática. São temas velhos pra mim, apesar de ser ateu. Por isso essas coisas não me foram assim tão importantes.
Abraços!