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Grandes expectativas com o Ubuntu Dapper Server

Apr 02, 2006

Ubuntu não é só Desktop. Com o compromisso público da Canonical de que o Ubuntu será sempre livre e gratuito, e que nunca haveria versão paga, um “Ubuntu Enterprise”, fomos levados a acreditar, em parte em vista da comunicação ainda truncada da staff do Ubuntu e de seu líder, Mark Shuttleworth, que os planos da Canonical se limitavam ao mercado dos Desktop. Um grande engano.

Uma das boas notícias que o Ubuntu traz à comunidade FOSS em geral, especialmente aos usuários e desenvolvedores do Debian, é a iniciativa do Ubuntu Server. A expectativa é que o Ubuntu seja uma espécie de “Debian Enteprise Edition”, não no sentido de ser pago, mas por ser capaz de certificar o Ubuntu com produtores de software e frabricantes de hardware, inclusive como produto OEM.

Aqueles que preferem o Debian às demais alternativas, como o RHEL, poderiam utilizá-lo em grandes servidores de bancos de dados Oracle ou DB2, com ambiente homologado e suportado. O melhor de tudo é que isso não deve demorar para acontecer. No ano passado, a IBM certificou o Ubuntu como “Ready for IBM DB2 Software for Linux” (Pronto para Software IBM DB2 para Linux).

Na próxima versão do Ubuntu, 6.06, isso ficará ainda mais claro. O Dapper Drake, como também é chamado, foi “abençoado” com um tempo de suporte muito mais longo, especialmente dos pacotes específicos do Ubuntu Server. É um sinal claro de que essa versão poderá ser certificada por diversos ISV’s, IHV’s e integradores OEM.

O Harvard Computer Society mantém a estrutura do laboratório responsável por essas certificações, liderado pelo Ivan Krstic. O time do Ubuntu Server, apesar do baixo tráfego na lista de discussão e no canal da Freenode, têm trabalhado bastante nesses intrincados processos de certificação. Essa questão é levada muito a sério na Canonical, me disse Krstic informalmente no IRC um dia desses.

É claro que nem tudo é lindo assim. Antes de tudo, a própria Canonical precisa ser convencida que o Ubuntu não é só para Desktop. Mesmo com a posição oficial de que o Ubuntu é voltado também para utilização em servidores, algumas mensagens e anúncios em listas ignoram o Ubuntu Server e deixam a enteder que há um foco exclusivo nos Desktops. Em um anúncio recente, Mark Shuttleworth disse:

We would like to be able to announce 24x7 global technical support for  
Dapper, both from Canonical and from the fantastic ecosystem of  
companies that is growing up around Ubuntu. We would like to show that a  
Debian-based distribution can deliver the same world class desktop punch  
that you might traditionally expect from Novell or Red Hat. We will live  
with Dapper for five years - so let's give it a few extra weeks now so  
that it can be a real asset to the Ubuntu project for the full duration  
of its lifespan.

Um pouco acima na mensagem, entretanto, ele - ou o PR da Canonical, seja lá quem tenha escrito o anúncio - se lembrou de mencionar “desktop and server release”.

Outra questão qu me preocupa também são os “server blessed packages”. Para quem não sabe, o Ubuntu dá suporte oficialmente apenas a um número limitado de pacotes do Debian, que ficam no repositório main (principal). No Ubuntu Server 6.06 a ser lançado criou-se ainda um sub-conjunto do main, que não será separado num repositório específico, mas que será suportado - isto é, atualizado para falhas de segurança - durante 5 anos.

É uma boa notícia, mas poderá criar uma confusão muito grande para os sysadmins que queiram manter seus sistemas sem um dist-upgrade durante mais de dois anos. Pode inclusive atrapalhar mais do que ajudar, criando uma falsa sensação de segurança.

O Ubuntu Server é minha esperança de um “Debian Enterprise”. Não acredito nas previsões de alguns de que o Debian se torne uma meta-distribuição, e não um sistema operacional “final”, mas muitos sempre esperaram que empresas agregassem valor ao Debian e criassem uma distribuição de qualidade e certificada pelos grandes players do mercado. O Ubuntu, até agora, é o caso que mais se aproximou desse cenário. A questão que mais traz insegurança, entretanto, é saber se o modelo de negócio da Canonical é sustentável ou se é apenas um projeto pessoal de um bilionário querendo torrar dinheiro.

Eu tenho a impressão que é um projeto pessoal de como ganhar mais dinheiro e se divertir ao mesmo tempo :-).

Archived Comments

Original comment from:

Yves Junqueira - Apr 1, 2006

Original comment from: Fábio Nogueira

Oi Yves.. Parabéns!
Seja bem vindo ao TEAM.. ;)
Abraço.. e sucesso!

Original comment from: SlakeJr

De facto a que tomar em conta ate onde vai, este projecto.
Senao investimos nele e logo depois ja nao ha suporte
Na historia do software livre ja houverao muitas empresas que
comecarao assim e ficarao pelo caminho. Acredito que o facto de
o ubunto ser um derivado do Debian ja nos garante uma retaguarda segura. Bem a distro e boa e vamos segura-la mesmo que seja necessario pagar. Avancem Homens livres, de mentes abertas!

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